É com grande pesar que anunciamos o falecimento do presidente M. Russell Ballard, presidente interino do Quórum dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ocorrido hoje. Ele tinha 95 anos.
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O presidente Ballard foi ordenado apóstolo no dia 6 de outubro de 1985. Foi designado como presidente interino do Quórum dos Doze Apóstolos no dia 16 de janeiro de 2018. Assim como foi com os apóstolos na época do Novo Testamento, os apóstolos de hoje são chamados para serem testemunhas especiais de Jesus Cristo. O presidente Ballard estava entre os quinze homens que ajudam a supervisionar o crescimento e o desenvolvimento mundial da Igreja, que agora possui mais de 17 milhões de membros.
“O presidente Ballard nunca foi indeciso”, disse o presidente da Igreja Russell M. Nelson. “Ele sabia exatamente o que o Senhor ensinou e como esses ensinamentos poderiam ser aplicados à vida pessoal de alguém, trazendo-lhe alegria e felicidade.”
“Trabalhamos juntos de perto e sempre amei sua maneira amigável”, disse o presidente Dallin H. Oaks da Primeira Presidência, que se sentou ao lado do presidente Ballard no Quórum dos Doze Apóstolos por mais de três décadas. “Ele era um homem em quem se podia confiar e que confiava nas pessoas.”
O presidente Ballard deixa sete filhos e muitos netos e bisnetos. Os detalhes do funeral ainda não foram confirmados.
Aprender uma ética profissional bem cedo na vida
Melvin Russell Ballard nasceu em Salt Lake City, Utah, em 8 de outubro de 1928, filho de Melvin R. e Geraldine Smith Ballard. Aprendeu sua ética profissional bem cedo na vida — numa concessionária de automóveis. Seu pai fundou a Ballard Motor Company, onde o jovem Russell, o único menino em uma família de quatro filhos, trabalhou em todos os departamentos da empresa, até mesmo manobrando os carros no pátio da revenda de usados quando mal entrara na adolescência.
Tais experiências estabeleceram um padrão de trabalho que o presidente Ballard levou para todos os aspectos da vida. “Aprendi com meu pai que quando você começa algo, tem que terminar”, disse ele. “No final das contas, você sempre fica satisfeito, pois ou você vence e conquista algo, ou então percebe que não vai dar certo e deixa para trás, sem ter de conviver com a dúvida do que teria acontecido se tivesse insistido.”
Essa atitude persistente foi útil durante toda sua vida — inclusive durante seus dias na Universidade de Utah; sua vida profissional nos setores automotivos, imobiliários e de investimentos e suas várias designações na Igreja.
“Sua experiência com os negócios o ajudou muito quando fazia indagações que precisam ser feitas quando se propõe um programa ou quando alguém pergunta: ‘Estamos usando os recursos de modo eficaz?’” disse o presidente Oaks.
Um líder da Igreja com o sangue dos profetas em suas veias
O presidente Ballard tinha bustos de três renomados líderes da Igreja em seu escritório: o fundador da Igreja Joseph Smith e seu irmão Hyrum (trisavô do presidente Ballard), bem como o de seu bisavô, o presidente Joseph F. Smith, filho de Hyrum, que foi o sexto presidente da Igreja. O legado deles de discipulado cristão, que, é claro, inclui o martírio de Joseph e Hyrum, em 1844, motivou o presidente Ballard até seu último dia de vida.
“Quando percebi quem eles eram e quem eu era, foi inacreditável”, disse o presidente Ballard em 2019. “Estou constantemente ciente de que tenho um dever apenas por ter uma ligação com eles. Eu os ouço dizendo o tempo todo: ‘Vá em frente, faça algo que valha a pena. Vamos, rapaz, não fique aí sentado’. Eles fizeram algo. Tiveram que fazer.”
Ele queria que todos os santos dos últimos dias, inclusive seus filhos, pensassem profundamente na vida de fé vivida por aqueles primeiros líderes da Igreja. Ele disse a seu filho Craig, um missionário de 19 anos na época: “Lembre-se de que o sangue dos profetas corre em suas veias”.
“Bem, sem pressão”, Craig se lembrou de pensar. “[Meu pai] olhava para [aqueles bustos] todos os dias em seu escritório (…) e acho que sentia que precisava dar o melhor de si. Ele incutiu isso no restante de nós.”
O presidente Nelson disse que a conversão, o compromisso e a consagração “estavam no sangue [do presidente Ballard]. Já pararam para pensar que tivemos o privilégio de nos sentar ao lado do tataraneto de Hyrum Smith?‑‑ E que Joseph Smith era seu tio-tataravô?‑‑ Agradeço diariamente pelo privilégio de ter a amizade de um descendente direto daqueles líderes que respeito e reverencio. Ele é tão íntegro quanto eles”.
O serviço eclesiástico do presidente Ballard incluiu seu tempo como jovem missionário na Inglaterra, bispo, presidente da Missão Canadá Toronto, membro da presidência dos setenta e mais de três décadas como apóstolo.
“Eu não faria isso por dinheiro”, afirmou o presidente Ballard. “Não me contratariam, nem me pagariam para fazer aquilo que faço como membro do Quórum dos Doze. Esse é o maior privilégio que um homem poderia receber do Senhor. Somos testemunhas da realidade da vida e do ministério do Senhor Jesus Cristo.”
O presidente Ballard assumiu seriamente essa responsabilidade, seja como encarregado do Conselho Missionário da Igreja (que incluiu o trabalho de desenvolver o manual Pregar Meu Evangelho, o guia de instruções para todos os missionários), com então mais de 50 mil missionários sob seus cuidados ou como pai de cinco filhas e dois filhos.
Uma testemunha especial, um pai especial
O presidente Ballard dizia que algumas de suas maiores experiências ocorreram ao ensinar seus filhos sobre o evangelho de Jesus Cristo. “Você aprende a aproveitar os momentos de ensino e, se estiver atento e alerta, eles virão e quando esses momentos surgem, é uma pena que alguns pais deixem passar essas oportunidades de ensinar um princípio a seus filhos.”
Um desses momentos surgiu no final da década de 1980, depois que o presidente Ballard se tornou apóstolo. Craig, seu filho caçula, admite estar “um pouco ressentido”, porque seu pai estava sempre longe de casa, em uma designação. Não era fácil compartilhar o homem que ele chamava de “papai” com os membros da Igreja de todo o mundo. “Quando era jovem, eu não entendia”, disse Craig. Felizmente, o presidente Ballard percebeu essa falta de compreensão dele. Reconhecendo uma oportunidade de ensino, o presidente Ballard levou Craig junto em uma designação da Igreja para Tonga e Samoa.
“Quando descemos daquele avião, pela primeira vez me dei conta de como os outros o viam”, disse Craig. “Muitos tinham caminhado por dois dias para chegar e apenas ver de longe um apóstolo. Foi então que tudo mudou de um fardo para uma bênção para mim por conhecer essa pessoa intimamente.”
Craig disse que isso era um reflexo do dom do presidente Ballard de não apenas dizer algo às pessoas, mas também de ensiná-las.
“Ele não disse apenas: ‘Bem, resolva isso’. Ele sabia que eu precisava entender aquilo e fazer parte do apoio ao seu chamado”, disse Craig. “Aquela foi uma ótima experiência de aprendizado para mim, e ele já fez isso muitas vezes de maneiras diferentes. Ele não foi apenas uma testemunha especial — ele foi um pai especial.”
Outra oportunidade de ensino ocorreu quando sua filha Tammy estava brincando com suas colegas de escola dentro de um carro que, por algum motivo, começou a andar de ré e acabou batendo e amassando a porta. Tammy disse que ficou aterrorizada ao saber que o carro que ela pensava ser de seu pai na realidade pertencia a outra pessoa. O presidente Ballard conta que quando chegou em casa e olhou para sua filha, percebeu que ela iria prestar atenção em tudo o que ele dissesse. “Ensinei-lhe que ela era muito mais preciosa do que o Cadillac que tinha sido danificado, e que eu me importava mais com seu valor e com aquilo que acontecia em sua vida. O carro podia ser consertado, mas seria muito mais difícil consertar sua vida, caso ela fizesse algo errado.”
O presidente Nelson disse: “Ele será lembrando como um marido maravilhoso e um grande pai. Essas eram suas prioridades. Ele nos deixou um ótimo exemplo nesse quesito, mesmo que tivesse muitas outras exigências ocupando seu tempo. Sua família sempre esteve em primeiro lugar”.
Com o passar dos anos, os filhos do presidente Ballard aprenderam a confiar em sua força espiritual. Sua falecida esposa, Bárbara, relatou: “Quando estávamos em missão no Canadá, nosso caçula começou a pré-escola, mas não conhecia ninguém. Ele estava com medo. Meu marido o levou para o escritório, ajoelhou-se com ele e orou para que o Pai Celestial o ajudasse a fazer amigos. Eles oraram juntos por vários dias seguidos. Quando nossos filhos tinham alguma necessidade especial, era assim que ele os ajudava”.
Os Ballard não só oravam juntos com frequência, mas também se divertiam em férias cheias de aventuras. O presidente Ballard relembrou de uma viagem que fizeram para a Califórnia em uma das primeiras “motorhomes” já produzidas. “Fomos para Chinatown, e todo mundo em San Francisco que via aquele veículo enorme ficava apontando e dando risada”, recorda. “Não encontrei lugar para estacionar, então deixei minha família em Chinatown e continuei dirigindo pelas colinas de San Francisco. No final, tive que voltar para pegá-los.”
Casar-se com seu “anjo”, Barbara
O presidente Ballard não poderia falar de sua família sem elogiar sua esposa, Barbara. “Ela é um anjo. É muito complicado viver ao lado de alguém que é quase perfeita”, disse ele. Eles se conheceram em um baile de calouros na Universidade de Utah. “Além de ser linda, ela tinha uma personalidade deslumbrante. Eu sabia, desde o início, que queria me casar com ela, mas ela não partilhava dos mesmos sentimentos. Foi um pouco difícil convencê-la. Sempre brinco com ela, dizendo que convencê-la a se casar comigo foi a maior venda que já fiz.”
O presidente Ballard elogiava Bárbara como uma mãe maravilhosa, cuja atitude calma tornou a vida no lar mais semelhante ao céu. “Se você trouxesse nossos sete filhos aqui e perguntasse a eles quando sua mãe ergueu a voz dentro de nosso lar, todos responderiam que ela nunca fez isso. Ela tem o temperamento de conseguir resolver uma crise com muita calma e serenidade. Ela é doce, amável, cuidadosa e atenta, tanto que seus filhos a adoram. O sentimento que nossos filhos têm por sua mãe é incomparável.”
Sua segunda filha, Holly, concorda. Ela disse que o amor dos pais e o respeito que um tinha pelo outro tiveram grande influência no comportamento dela e de seus irmãos.
“Sentimos que o melhor lugar para se estar era voltar para casa e ficar lá naquele ambiente, porque nossos pais eram muito bons um com o outro”, disse ela. “Aprendi que precisamos tratar todos com respeito. E eles eram muito bons em fazer isso conosco quando crianças.”
O presidente Oaks, que foi chamado para o Quórum dos Doze Apóstolos um ano antes do presidente Ballard, disse que ele “admirava muito a maneira como o presidente Ballard tratava Barbara, sua companheira eterna. Mesmo com os dois em idade avançada, ele continuou sendo um marido exemplar. Muito atencioso e gentil.”
Barbara faleceu em 1º de outubro de 2018, aos 86 anos. Ela enfrentou uma longa batalha contra alguns problemas de saúde, incluindo Alzheimer, com sua graça e senso de humor característicos.
“Como sou grato por saber onde minha preciosa Barbara está e por saber que ficaremos juntos novamente com nossa família por toda eternidade”, disse o presidente Ballard em uma conferência geral cinco dias após o falecimento dela.
Uma ministração individual
Os sentimentos carinhosos do presidente Ballard em relação a sua família se estenderam às pessoas que ele ensinou do púlpito. Durante um discurso na conferência geral da Igreja em outubro de 1980, ele convidou os membros a enviar-lhe os nomes de pessoas necessitadas. Prometeu, em troca, escrever a essas pessoas uma carta de incentivo. Ele recebeu centenas de cartas de todo o mundo. O presidente Ballard acabou escrevendo pessoalmente mais de 600 cartas incentivando pessoas que precisavam de auxílio espiritual. Uma das pessoas que recebeu a carta escreveu: “Sinto que sua carta foi o início verdadeiro desta fantástica mudança em minha vida e agradeço-lhe do fundo do coração”.
O presidente Ballard falou: “Devemos sempre estender a mão a alguém. Devemos buscar todas as maneiras que pudermos para ajudar uns aos outros durante essa jornada da mortalidade. Acredito que no fundo as pessoas são essencialmente bondosas e desejam conhecer a verdade, mas não sabem onde encontrá-la. Estão perguntando: ‘Quem sou eu? De onde vim? Por que estou aqui? Para onde vou? A que tudo isso está levando? Onde isso está me levando?’”
O presidente Ballard procurou responder a essas perguntas no livro Nossa Busca da Felicidade (1993), que ajudou a ensinar as pessoas sobre a Igreja e o propósito da vida. A vida de autor do presidente Ballard também incluiu o livro Aconselharmo-nos com os conselhos da Igreja (1997), usado por muitos líderes locais em toda da Igreja.
Durante todas as suas experiências como marido, pai e apóstolo, o presidente Ballard procurou Jesus Cristo pedindo inspiração e segurança em todas as coisas. Na verdade, ele frequentemente carregava uma pequena imagem do Salvador no bolso da lapela para o incentivar nos dias difíceis.
“Sempre que se sentia desanimado, ele pegava a imagem de Jesus Cristo, olhava para ela e pensava: ‘Eu posso fazer isso. Posso fazer qualquer coisa para Ele’”, disse Holly.
O presidente Ballard reconheceu que o evangelho de Jesus Cristo é uma âncora em um mundo de valores inconstantes. “Estou plenamente convicto de que aqueles que estiverem verdadeiramente ancorados em sua fé na Restauração do evangelho de Jesus Cristo, na missão do profeta Joseph e nas revelações que chegaram à Igreja por meio dele, as quais confirmam e declaram que Jesus Cristo é o Filho de Deus e que o evangelho está sobre a Terra, serão capazes de lidar com tudo o que a vida lhes reservar.”